domingo, 18 de maio de 2008

Esta na Moda ser Global

Uma das coisas que me tira o fôlego, é quando sei que um dos meus usuários, se aplicou pra uma vaga no Global. É moda ser do Global, do Corp... Afinal , ganhar em Euro, ou Dólar, é melhor que em Real.

Ver um gerente que expatriado, volta e ganha status de diretor, inspira essa moda nas corporações. E então o target deixa de ser trabalhar na função, passa a ser cavar uma vaga na estrutura. Aumenta o numero de emails na caixa de entrada, aparece uma ansiedade pelas respostas dos Globais, que de acordo com os exemplos de quem deu certo, vem para mudar a vida toda. Com parte da energia voltada para esse desejo, mais as tarefas do cargo, o tempo que sobra para cuidar de si, equilibrar a vida pessoal, familiar, social ... é bem pequeno. Afinal, cuidar da saúde é problema do Seguro e do RH.

É sempre bom mudar de vida, de continente, mas isso tudo tem implicações diretas na felicidade e na atitude do individuo.

São raros os executivos que se avaliam, internalizam seus valores, criando sua referencia, baseando as escolhas, nas suas experiências, na media ponderada entre os próprios erros e acertos.

Fora do seu centro as decisões podem precisar de muitas revisões, por vezes, revogações, antes de irem para o hall das atitudes de felicidade. É silenciosa a mudança de quem saiu do próprio centro, mas de fácil identificação:

A vida vai se tornando o trabalho e o trabalho se tornando a vida. Os amigos na agenda do celular, são os colegas da semana inteira, e se fala de trabalho em quase todas as oportunidades. A conversa do jantar, o tempo para a família termina assim que toca o celular, ou que chega uma mensagem. Toda a energia mental e física, migra para o fazer. O problema é que ninguém pode passar a vida inspirando, nem expirando apenas. O custo dessa repetição de um só lado da moeda, vem menos silencioso. Dormir o domingo inteiro, esquecer onde colocou as chaves, perder a vontade de trabalhar naquele ambiente, naquele grupo, com aquela gestão, xingar no transito, ter medo de coisas que nunca incomodaram... A repetição do fazer sem contemplar é contraproducente;Ate Deus avaliou a obra no sétimo dia , e descansou.

Fazer é importante , executar é a essência da função corporativa, mas o equilíbrio para fazer melhor, mora na permissão da diversidade de experiências.

- Exerça sua habilidade de não pensar, sente-se e observe o ar saindo e entrando no corpo. Geralmente, nesse exercício, os primeiros pensamentos perturbadores, são os que menos precisam de atenção. Quanto mais tempo se mantiver em silencio, mais profundos serão os pensamentos e questões, e esses sim , merecem revisão.

- Tome água a cada 2 horas, levante-se da mesa para fazê-lo. No caminho se sociabilize, conte uma piada, olhe pela janela, elogie um colega. A descontração e o auto cuidado, são as bases para o amor próprio.

- Prefira experiências na memória a consumo compulsivo. Durante uma viagem de trabalho, final de semana ou de férias, não perca nenhuma emoção que o lugar possa lhe permitir, enriqueça-se com as relações, com a diversidade cultural.

- Faça algum trabalho de importância sócio econômica, que não esteja relacionado as suas tarefas diárias. Ensine a empregada a ler, vá a um asilo e doe algumas horas do seu tempo, explique à caixa do super mercado por que é importante economizar sacolas plásticas.

Segundo pesquisa da ABQV, 100 em mil executivos brasileiros após 6 anos na função, sentem que não valeu a pena trocar as horas da vida pessoal, pelas longas madrugadas no escritório. Mas a moda é essa. Nesses entrevistados, percebe-se a síndrome da solidão corporativa, que há 2 anos levou a trilogia “Stress, Pânico, Depressão” ao topo do ranking de afastamento do INSS.

Esta mais fácil viver, e isso acomoda os seres. Esta mais cômodo não questionar, e isso afasta o ser da sua essência investigadora. Perca seu tempo acreditando e plantando atitudes de amor, companheirismo, compreensão e gentileza, já que para o contrario a sociedade que construímos não precisa de ajuda .

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